sábado, 3 de julho de 2010

Filo= paixão/ Sofia= sabedoria ....


Geralmente recebo por e-mails as aulas que meus alunos vão querer principalmente as de filosofia, todo aluno odeia e nunca sabe explicar ao certo o que o professor avisou que vai cair na prova.
Hoje abri minha caixa de e-mails e lá estava:
Preciso urgente de uma aula de filosofia, página 124 á 129. Tem que ser com você!
Hsiahashyahgy ( despedida dos jovens de hoje...nunca entendi o significado, mas não contesto).
Ai pensei: lá vem: O que é moral? Ética? Platão? Conte?...
Bateu-me uma preguiça, embora toda a paixão que eu tenha pela filosofia e o prazer imensurável que tenho em ministrar essas aulas, bateu um desanimo... mas vamos lá...Tinha que ser eu.
Abri o livro na página indicada e lá estava: O que é Paixão e o que Amor
Foi inevitável o pensamento:
-Puts justo eu, nessa altura do campeonato?
Não que eu esteja descrente do amor e afins, muito pelo contrário nunca deixei de acreditar e almejá-lo cada vez mais, só entrei numa fase de stand by. ..para depois.
Esse depois pode ser amanhã, mas não era hoje!
Mas para minha surpresa foi uma delícia estudar esses dois sentimentos de uma forma tão técnica, mas todo esse tecnicismo durou pouco até eu ler a etimologia da palavra paixão: phatos = sofrer.
Desculpa se não estou contando nada de novo, e que fui a última avisada, mas achei fantástico!
Por que a paixão realmente dói, pois bagunça tudo, desequilibra todas as nossas crenças...e todos aqueles sintomas como ciúmes, insegurança, desespero são adjacentes desse sentimento e o melhor a paixão embora passageira, pode se transformar em amor, desde que passe por provas do nosso subconsciente...são duas: primeiro aceitação e depois a admiração. UHHHUUUUU então eu não estou tão exigente assim, talvez apenas filosofando.
O amor não bagunça nada, porque ele organiza a bagunça deixada pela paixão!
O mais interessante foi a aula, coloquei 4 alunos juntos e ( minha escola é de aulas individuais) pois o tempo era curto e o tema pedia.
Comecei a aula perguntando: tem alguém apaixonado por aqui?
A resposta veio em coro: Ah! Responde primeiro!!!!
Perdi quinze minutos (exagero) da aula pensando na resposta, mas fui direta:
- Eu sou uma apaixonada, mas não estou apaixonada por ninguém!
- Ah! Professora eu li em casa antes de chegar aqui o que era paixão, então posso dizer que você é uma sofredora?
(Totalmente lógico, ÔOOO meninada esperta!)
-Não, todos nós somos apaixonados, estamos sempre nos apegando e desapegando de algo, a paixão é o impulso de nossos anseios.
- Não entendi.
Sabia. (pensei).
- É assim, pense em algo que você quer muito?
Só uma aluna teve a coragem de responder:
-Eu quero ir a Europa no estilo mochilão! Mas eu não sofro com isso!
- Querida não leve tão ao pé da letra a palavra sofrer, na verdade você não sofre mas sempre que você pensa nesse sonho, alguma coisa inquieta dentro de você, não é? Perguntei ansiosa pela resposta.
- Sempre, penso que falta muito $$$ para realizar meu sonho e 2 anos para completar 18 anos, mas fico sonhando com as ruas de Amsterdã.
- Viu!? A paixão é isso, é algo que nos fadiga, nos deixa ansiosos, querendo que tudo aconteça logo! Mas não sabemos explicar o porquê.
_ Professora, e se eu não conseguir realizar essa paixão?
- Outras virão, pois somos movidos por desejos, confesso nem todos são realizados, os que são nem sempre tem a graça que tinha em nossos sonhos e alguns a gente nunca esquece!
Já estava cansando de falar de sonhos de viagem...queria falar de paixão de homem e mulher!
Por isso arrisquei:
-Acho que vocês entenderam um pouco da paixão, mas essa palavra nos remete a outra coisa, concordam?
- Sim professora, eu amo meu namorado, tem 2 meses que estou com ele e sou capaz de morrer caso me deixe!
(Ai, campo minado....essa moça tão bonita parece que caiu nas amarras da paixão).
- Por que acha mesmo que morreria se esse rapaz te largasse?
- Porque a vida perderia a graça!
Entendo, com meu primeiro namorado também jurei por DEUS que morreria se ele me abandonasse, e não morri. Pensei, não achei adequado comentar e acabar com todo esse exagero que a paixão é capaz de nos presentear,mas tive vontade de recitar Drummond:

“...O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua...”

Mas a aula era de Filosofia e não de Literatura, mas juro que no último dia de aula não vou perder a chance de falar isso para ela.
- Querida, isso não é amor, isso é paixão, se pensas em morrer é por que não te faz tão bem assim. O amor ao contrário não faz doer por coisas imaginárias, por situações que talvez possam acontecer... O amor é firme, pode até doer, mas por causas fundadas.
- Como, por exemplo? Perguntou o único aluno que não abriu a boca, em nenhum instante.
- Como a morte. ( fui ao extremo, mas a aula estava acabando e precisava deixar claro a diferença entre esses dois sentimentos).
- Mas eu vou sofrer muito caso alguém que eu seja apaixonada morra.
- Tenho a plena certeza disso, tudo que morre em nossas vidas dói, só estou dando um exemplo de que a dor de amor é por fatos e o da paixão muitas vezes é ilusório, passam... Respondi com certa angustia na voz, esse papo todo estava me remetendo a todos os meus casos de amor ou paixão, sei lá...
- Você já amou professora?
Por que não encerrei a aula mais cedo, JESUS! (pensei, de novo)
- Não, se eu for tirar como base nessa nossa aula, Não. Mas já me apaixonei muito, e não me arrependo de nenhuma paixão minha, nem um ato...nadinha. Mas amo muita gente, só não encontrei o amor da minha vida, ainda!
- Ahhhh mas bonita assim vai encontrar logo!!! Todos riram e eu quase dei 3 mensalidades de graça para o aluno ...hahahahah!
- Eu sei! Respondi sem pensar, na verdade estou pensando agora: Será um sinal?
Mas queridos à aula acabou, espero que tenha ficado clara a diferença de uma coisa e outra e se eu puder dar um conselho para depois da prova.
- Manda!
- Não levem tão a sério o significado das palavras, vivam!
- O aluno que me chamou de bonita, retrucou: vale colar nessa vida?
- Não, vale apaixonar! Foi isso que quis dizer!
- Pelo fiscal da prova?
- kkkkkkkk ri muito e respondi: também!
A aula acabou e fiquei observando os meninos irem embora, pareciam mais leves!
É engraçado como falar de sentimentos, no caso Amor ou Paixão faz um bem danado, mas a resposta é óbvia: todos nós buscamos a mesma coisa: Amar ser amado e ser sempre um eterno apaixonado!

É claro que não descrevi a aula integra, são 90 minutos de aulas e muita teoria, aqui escrevi apenas alguns fragmentos que chamaram a minha atenção e fizeram ter a certeza de que AMO o que eu faço.

Beijos amáveis.



BAL2

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Isso sim é PARADOXO


AMOR VIRTUAL
Fabrício Carpinejar

Acredito em amor virtual. Não adianta se valer do ceticismo da carne e dizer que a distância engana, que as pessoas não se conhecem, que pode haver desfeita e desilusão. Acredito em amor virtual. Pois nada é mais expansivo e verdadeiro do que se conhecer pela linguagem. Nada é mais íntimo e pessoal do que se doar pela linguagem. Não serei convencido da frieza do relacionamento na web, da articulação de fachadas e pseudônimos, da ironia e dos subterfúgios denunciados nos chats. O que acontece na internet reproduz a vida com seus defeitos e virtudes, não se pode exagerar na desconfiança. O amor virtual é tão real quanto o sangue. Não preciso enxergar o sangue para verificar se ele corre. O amor virtual trabalha com a expectativa e a ansiedade. Como um teatro que se faz de improviso, com a ardência de ser aceito aos poucos, sem o temor e os avisos em falso do rosto. Na correspondência, há a esperança de ser amado e de entreter as dores. A esperança aceita tudo, transforma todo troco em investimento. Um gesto de redobrada atenção, uma resposta alentada, uma frase diferente, um cuidado excessivo, a cordialidade do eco e o amor se instala. Não há o julgamento pelas aparências (que se assemelha a uma execução sumária), mas o julgamento em função do que se imagina ser, do que se deseja, do que se acredita. São raros os momentos em que se pode fechar os olhos para adivinhar. Adivinhar é delicioso - é se dedicar com intensidade às impressões mais do que aos fatos. Alguns dirão que é alienação permanecer horas e horas teclando ou diante de uma câmera e do computador. Mas é envolvimento, amizade, compromisso. É pressentir o cheiro, formigar os ouvidos, seduzir devagar. Não conheço paixão que não ofereça mais do que foi pedido. Quem reclamava da ausência de preliminares deve comemorar o amor virtual? Nunca se teve tanta preliminar nas relações, rodeios, educação. Fica-se excitado por falar. Devolve-se à fala seu poder encantatório de persuadir. Afora o espaço democrático: um conversa e o outro responde. Findou o temporal de um perguntar para outro fingir que está ouvindo. No amor virtual, a linguagem é o corpo. Dar a linguagem é entregar o que se tem de mais valioso. É esquecer as roupas na corda para escutar a chuva. É recordar de memórias imprevistas como do tempo em que se ajudava à mãe a contornar com o garfo a massa do capeletti. Conversa-se da infância, dos fundos do pátio, do que ainda não se tinha noção, sem ficar ridículo ou catártico. Abre-se a guarda para olhares demorados nos próprios hábitos. A autocrítica se converte em humor; a compreensão, em cumplicidade. É uma distração para concentrar. Uma distração para dentro. Vive-se com mais clareza para contar e se narrar. Amor virtual é conhecer primeiro a letra, para depois conhecer a voz.
A letra é o quarto da voz.

Ahhhhhhh as diferenças


Percebi que temos novos seguidores. Fiquei imensamente feliz! Sejam todos bem vindos!

Já devem ter reparado que aqui existe a Bal 1 e a Bal 2. Somos amigas de verdade, alma, alegria, tristezas e palavras.

Somos imensamente diferentes, uma é a água, a outra o azeite, isso vai ficar óbvio nos posts, mas engana-se quem acha que não nos misturamos.

Mas não vim aqui hoje nos apresentar... foi só uma breve explicação desnecessária.

Quanto ao show, tirando a falta de organização e meu atraso, foi lindo! Claro que é para quem sabe entender as neologias e metáforas do Baleiro.

E é sobre isso que vou falar.

Um dia meu irmão 9 anos mais novo que eu, falou com toda a certeza que cabia em sua vida que a pior diferença que existia era a intelectual e cultural.

Não respondi, mas guardei para mim.

Por ser professora, achei um pouco preconceituoso da parte dele. Parece óbvio, já que eu vivo para ensinar e consequentemente tenho que estar sempre aprendendo.

Não nego que meus olhos brilham e alma se engrandece diante uma boa dialética, acho uma troca fantástica. A melhor "invenção" de Sócrates.

Desde criança eu amava ouvir Chico Buarque para interpretar....por aí vai!

Enfim, há 4 meses reencontrei um colega de sala de aula do meu ensino médio, ele sempre me achou a moça mais linda da escola e eu o achava meio heavy metal. Na época não deu liga, seguimos nossos caminhos e no carnaval desde ano de 2010 nos reencontramos e deu a liga do ano.

A química era tão fantástica, como se fossemos feitos para nos encaixar, que virou namoro de sofá... e etc.

Apresentei para os amigos, que olhavam, reparavam e sorriam amarelo.

Como boa virginiana que sou sempre perguntava a opinião e acabava com a mesma resposta:

- Legal!:/

Ele era uma ótima companhia, dono de um savoir affaire fantástico, e muito animado.

Mas percebia que nunca falávamos sério e que eu tinha que descer alguns degraus para ficar à altura.

Eu não estava apaixonada, na verdade estava adorando estar acompanhada, até que um dia ele chegou a minha casa sem avisar - eu estava com roupa de quem fica em casa: camiseta, short, cabelo para cima e chinelo... estou errada? - e cheio de gírias (de 10 palavras 6 eram gírias, eu tenho paúra de gírias, CARA!!!!!) soltou a pérola:

- Cara, mulher minha não fica em casa assim não!!!! Tem que viver de salto!

Eu não respondi, achei melhor.... já que eu já ia tirar a roupa mesmo.

Nunca mudei e essa foi minha resposta.

Aos poucos as graças eram as mesmas, um parágrafo nunca era completado e o assunto do happy hour era sobre sexo. Claro que ganhei o apelido de coroa.

Em um feriado prolongado reuni toda a turma e fomos passar o final de semana em uma chácara bem legal, ele percebeu a diferença cultural que nos dividia e numa sensibilidade leonina, pediu para que eu o ajudasse a ser mais culto.

Concordei, embora saiba que isso não existe. Tem coisa que vem de berço, é cultural.

Como é que eu faço para que uma pessoa que escuta Rebolation e ainda sabe a coreografia, passe a ler Lispector ou ao menos passe a ouvir Skank?

É a mesma coisa de pedir para eu fazer a dança da bicicletinha e agradecer a DEUS por estar aprendendo algo.

As coisas foram distanciando, o papo não fluía.... só os corpos se grudavam, mas eu já estava achando tão pouco para não dizer quase nada e ele estava percebendo.

Até que em uma crise existencial dele, me ligava só para manutenção e eu? Achava o suficiente. Dentro de mim já não era mais namorado, era qualquer coisa....um rótulo, uma invenção.

Em uma segunda feira ligou dizendo que precisávamos conversar e que às 22h30min passaria aqui, sem pestanejar respondi:

- Não vou esperar até as 22hs para terminar um namoro, sei que não começamos a namorar por telefone, mas não sou obrigada a escutar tudo aquilo que sempre é dito - Você é demais para mim-.

O motivo segundo ele, era que tinha ido a um culto evangélico e que o sermão da noite era: O QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO PODE SEPARAR! Portanto, iria tentar resgatar seu casamento fracassado!

Com toda a verdade do mundo desejei felicidades (tive pena) e ouvi a pergunta: - Você não vai gritar chorar... É essa sua reação?

Sim foi essa a minha reação.

Não sofri, nem chorei... JURO!

Só entendi que assim como misturar bebidas dá ressaca, misturar gente também dá.

Salve Matha Medeiros.

Cada um constrói a sua cultura, seus interesses, suas curiosidades isso é inerente para ser gente.

Eu quero mais, sou ávida por uma boa conversa, por uma boa música, por livros que fazem viajar...Menos que isso que me deixa pouca.

Sou louca por gente interessada e interessante. PELOAMORDEDEUS não pare nunca de aprender!

Nota do dia:

"O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA PARA SE DISTRAIR E QUANDO ACABA A GENTE PENSA QUE ELE NUNCA EXISTIU." CAZUZA

Os: Todos os amigos juntos gritaram: GRAÇAS A DEUS e ao Pastor!!!!!


BAL 2